MC 01 – Documentários e Ensino de História: aproximações e distanciamentos
Coordenador
Rodrigo Luis dos Santos (UNISINOS)
O objetivo deste minicurso é possibilitar uma reflexão teórica e metodológica acerca do uso dos documentários no ensino de História e outros campos das Ciências Humanas e Sociais. Simultaneamente, almeja analisar a construção de narrativas e interpretações históricas através destes produtos culturais. Na atualidade, os documentários tem ganhado um espaço significativo de difusão de acontecimentos históricos. Genericamente, em uma percepção e visão mais amplamente divulgada, são atribuídos valores aos documentários que os diferenciam das demais produções fílmicas, especialmente aquelas direcionadas ao cinema comercial, sendo a principal delas calcada na dicotomia ficção/realidade – ou ainda imaginação/verdade dos fatos. Por conta disso, determinadas visões sobre os fatos são repassadas, podendo ser assimiladas pelo público como verdades absolutas, sem questionamentos ou interpretações mais acuradas. No espaço escolar, é um desafio do docente-pesquisador perceber os processos de produção, as intencionalidades e os enquadramentos embutidos nessas construções fílmicas, para, através disso, dinamizar a apreciação crítica e análise investigativa entre os sujeitos sociais envolvidos do processo educacional. Didaticamente, o minicurso estará dividido em duas etapas: a primeira, abordando aspectos conceituais e metodológicos, sobretudo o enfoque nas similaridades e distanciamentos entre documentários e os outros filmes cinematográficos, assim como os principais cuidados necessários para uma análise mais aprofundada deste recurso. A segunda etapa será a análise empírica de dois documentários, abordando uma temática semelhante. Um deles é produzido por um grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, em uma perspectiva mais comemorativa e o outro, de caráter mais formativo, elaborado no espaço acadêmico, em uma universidade também localizada no estado sulino. Busca-se, a partir deste exercício prático, alinhado com o arcabouço teórico abordado, compreender as narrativas construídas, os pontos de aproximação e de afastamento, os tópicos salientados e as possibilidades de uso de documentários similares em sala de aula, no tocante ao ensino e processo de pesquisa.
Referências Bibliográficas
ABUD, Kátia Maria. A construção de uma Didática da História: algumas idéias sobre a utilização de filmes no ensino. História, São Paulo, 22(1); 2003.
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BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC, 2004.
CAPELATO, Maria Helena, MORETTIN, Eduardo, NAPOLITANO, Marcos, SALIBA, Elias Thomé. História e cinema: dimensões históricas do audiovisual. São Paulo: Alameda, 2007.
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FERRO, Marc. Cinema e História. 2. ed. São Paulo: Paz e terra, 2010.
GAUTHIER, Guy. O documentário: um outro cinema. Tradução: Eloísa Araújo Ribeiro – Campinas - SP: Papirus, 2011. (Coleção Campo Imagético).
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto. 2007.
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NAPOLITANO, M. A História depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005, p.235-289.
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POLLAK, M. Memória e Identidade Social. In: Estudos Históricos, vol. 5, número 10, 1992, p. 200 -212.
ROSSINI, M. de Souza. O lugar do audiovisual no fazer histórico: uma discussão sobre outras possibilidades do fazer histórico. In: LOPES, A. H. et al História e Linguagens: texto, imagem, oralidade e representações. Rio de Janeiro: 7Letras, 2006.
SCHWARTZ, Vanessa R. O espectador cinematográfico antes do aparato do cinema: o gosto pela realidade na Paris fim do século. In: O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2001.
MC 02 – Avaliando a pesquisa na área das Migrações e processos migratórios: Entre conexões transnacionais e diaspóricas
Coordenadoras
Caroline Atencio Medeiros Nunes (PUCRS)
Fernanda Trentini Ambiedo (PUCRS)
O ato de migrar pode ser compreendido como inerente ao ser humano, migramos desde os primórdios em um tempo onde não havia história e continuamos a migrar hoje, sob diferentes contextos perspectivas e motivações. Partindo desta ideia, a presente proposta de minicurso tem como expectativa, apresentar ao público diferentes perspectivas nas pesquisas relacionadas às migrações históricas na América Latina, desde aqueles grupos considerados “clássicos” como é o caso dos italianos e alemães e também grupos que ainda carregam na sua migração possibilidades extensas de questionamentos sobre o seu migrar, como o caso dos grupos palestinos no Brasil. Ao avaliar estes casos isolados direcionamo-nos para as inúmeras possibilidades teóricas e metodológicas que a pesquisa no campo da migração pode abranger. Com um atento olhar para os fenômenos contemporâneos, e suas relações com as migrações históricas, evidenciamos as possibilidades de uso de conceitos importantes, como as noções de transnacionalismo e sua atuação em pesquisas de diferentes casos e abordagens, o uso do conceito e a variação do “experienciar” a diáspora em diferentes contextos, a imigração urbana, a imigração interna ao conesul americano. Além disso pretendemos lançar alguns parâmetros ao abordar a questão das relações de gênero e aspectos religiosos inseridos nos estudos sobre migração, colaborando a pensar estas e outras questões enquanto transversais aos estudos na área.
Referências Bibliográficas
BAO, Carlos Eduardo. A invenção da italianidade no Brasil: contribuição para um olhar descontínuo. XXVIII Simpósio Nacional de História. IN:. 2015 p.17.
BHABA, Homi K. O Local da Cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG. 1998, p. 395.
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JARDIM, Denise Fagundes. Imigrantes ou Refugiados? As tecnologias de Governamentalidade e o êxodo Palestino rumo ao Brasil no século XX. Horizontes Antropológicos, n.46, p.243-271, 2016.
KOHLI, Martin, KOFMAN, Eleonore, KRALER, Albert, SCHMOLL, Camille. Gender, Generations and the Family in international Migration. Amsterdam: Amsterdam University press, 2011
MARIO SERRA TRUZZI, Oswaldo; SACOMANO NETO, Mário. Economia e empreendedorismo étnico: balanço histórico da experiência paulista. Rev. adm. empres., São Paulo , v. 47, n. 2, p. 1-12, June 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75902007000200005&lng=en&nrm=iso>. access on 04 Mar. 2018
MONTANARI, Massimo. O MUNDO NA COZINHA: Historia, Identidade, trocas. 1º Edição. São Paulo: Estação Liberdade, 2009
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PAPPÉ, Ilan. A Limpeza Étnica da Palestina. São Paulo: Sundermann, 2016
POLLINI, Gabriele & SCIDÁ, Giuseppe. Sociologia delle migrazioni e dela societá multiétnica. Milão: Ed. FrancoAngeli, 2002.
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RIAL, Carmen, VAILATI, Alex. Migration of Rich Immigrants: Gender, Ethnicity and Class. London:Palgrave Macmillan, 2016
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
VENDRAME, Maíra Ines; KARSBURG, Alexandre; WEBER, Beatriz; FARINATTI, Luís Augusto (Orgs.). Micro-história, trajetórias e imigração. São Leopoldo: Oikos, 2015.
VENDRAME, Maria Inês; KARSBURG, Alexandre; MOREIRA, Paulo Roberto Staudt (Orgs.). Ensaios de Micro-História, Trajetórias e Imigração. São Leopoldo: OIKOS, 2016.
ZANFRINI, Laura. Sociologia delle Migrazioni. 2º edição. Roma: Editori Laterza, 2007.
MC 03 – História das políticas indigenistas no Brasil Republicano
Coordenadores
Andressa de Rodrigues Flores (UNISINOS)
Amilcar Aroucha Jimenes (UNISINOS)
No ano em que a temática do IV CEHLA é “História, Democracia e Educação em Tempos de Crise”, e diante do atual cenário político e institucional, em que os direitos de minorias sociais e étnicas têm sido constantemente ameaçados, entendemos ser de fundamental importância o fomento de discussões debruçadas sobre a relação entre a sociedade brasileira e os povos indígenas. Nesse sentido, sabemos que o alvorecer do período republicano inaugurou um novo momento para a política indigenista, caracterizado pela emergência de novos marcos legais e a criação de instituições especialmente dedicadas a tal missão, como Serviço de Proteção aos Índios (SPI), na primeira metade do século XX, e, posteriormente, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). O objetivo central deste curso se dá em proporcionar um espaço de diálogo e reflexão acerca da política indigenista brasileira ao longo do século XX e das primeiras décadas do presente século. A proposta é mapear e discutir os múltiplos interesses que constituem a criação dessas políticas, bem como seus efeitos na vida das populações indígenas, sem perder de vista os modos pelos quais esses próprios grupos se propuseram encarar os cenários político-institucionais que emergiram nesse período.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. A atuação dos indígenas na História do Brasil: revisões historiográficas. Rev. Bras. Hist. [online]. 2017, vol.37, n.75, pp.17-38.
BICALHO, Poliene Soares dos Santos. Protagonismo indígena no Brasil: movimento, cidadania e direitos (1970-2009). Tese (Doutorado em História)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
BITENCOURT, Libertad Borges. O movimento indígena organizado na América Latina – A luta para superar a exclusão. Anais do IV Encontro da ANPHLAC. Salvador, 2000, p. 1-18.
BRIGHENTI, Clovis Antonio. NÖTZOLD, Ana Lúcia Vulfe. Movimento indígena brasileiro na década de 1970. Anais Congresso Internacional de História. Maringá, 2009, p. 1567-1577.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Índios no Brasil: história, direitos e cidadania. São Paulo: Claro Enigma, 2012.
CUNHA, Manuela Carneiro da. BARBOSA, Samuel. (Orgs.). Direitos dos povos Indígenas em disputa. São Paulo, Unesp, 2018.
FREIRE, Carlos Augusto da Rocha (org.). Memórias do SPI: Textos, Imagens e Documentos sobre o Serviço de Proteção aos Índios (1910 -1967). Rio de Janeiro: Museu do Índio/FUNAI, 2011.
HECK, Egon Dionísio. Os índios e a Caserna: Políticas Indigenistas nos Governos Militares (1964-1985). 1996 149 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Políticas) – Programa de Pós-graduação em Ciências Políticas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.
MILANEZ, Felipe. Memórias sertanistas: cem anos de indigenismo no Brasil. São Paulo: Edições SESC São Paulo, 2015.
RIBEIRO, D. Os índios e a civilização: a integração das populações indígenas no Brasil Moderno. Editora Companhia das Letras, São Paulo: 2009 [1996].
SALGUEIRO, Fernanda E. Zaccarelli. “A ferro e fogo: tutela indígena até a constituição federal de 1988”. Revista Latino-Americana de História, São Leopoldo, Vol. 4, n.13, 2015, pp. 109-125.
SOUZA LIMA, Antônio Carlos de. Um grande cerco de paz: poder tutelar, indianidade e formação de Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1995.
MC 04 – História Oral: Relação entre teoria e prática
Coordenadoras
Simone Gomes de Faria (FURG)
Karen Laiz Krause Romig (UFPEL)
Liziane Nolasco Fonseca (UFPEL)
Desde a Antiguidade ampara-se do uso dos testemunhos orais para trazer à tona aspectos do passado. Assim, é possível afirmar que o seu uso é tão antigo quanto a própria História. É na metade do século XX que ela se torna uma técnica específica de investigação na criação de fontes com vistas a embasar projetos de valorização das tradições subalternas e dos marginalizados da história nos diversos campos disciplinares.
Por meio do movimento de renovação historiográfica e da recuperação democrática, em nosso país, se observa a multiplicação dos trabalhos com este aporte metodológico. Consideramos de fundamental importância a abordagem de algumas questões teóricas e metodológicas ao se utilizar e apropriar das fontes orais. Partindo deste pressuposto justifica-se a realização do minicurso diante do número quantitativo de trabalhos acadêmicos que se validam deste método, que por sua vez, é dotado de distinções epistemológicas que merecem ser esclarecidas. Afinal, quais as distinções entre a História Oral e a História de vida? Tais questionamentos são frequentes por parte dos pesquisadores iniciantes. Assim, pretendemos contribuir para que as pesquisas não sejam somente de cunho quantitativo nos meios acadêmicos como também qualitativa.
Objetivo geral deste é o de introduzir, nos estudantes, em específico, das Ciências Humanas, os principais debates em torno da História Oral, assim como, a utilização técnica do trabalho com os testemunhos. Nas especificidades pretende-se comparar o uso da entrevista da História Oral e a entrevista; aferir as debilidades e fortalezas deste método de investigação social nas variadas temáticas.
O minicurso irá proporcionar a seus participantes a interação com a parte mais prática desta metodologia e ocorrerá em um tempo de três horas, contando com recursos que possibilitem a exposição da temática e sua discussão pelo grupo nos amparando de Alberti e Meihy por tratarem especificamente sobre os procedimentos práticos do método.
Referências Bibliográficas
ALBERTI, V. Manual de história oral. 2. ed. revista e atualizada. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004a.
ALBERTI, V. O que documenta a fonte oral: a ação da memória. In: ALBERTI, V. Ouvir contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004b. p. 33-43.
ALBERTI, V.; PEREIRA, A. A. Histórias do movimento negro no Brasil: depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC-FGV, 2007.
MEIHY, J, C. S. B.; HOLANDA, F. História oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2007.
MC 05- Uma questão de Gênero: a trajetória dos estudos sobre mulheres e gênero no campo da historiografia brasileira e sua relação com o ensino de História
Coordenadoras
Marluce Dias Fagundes (UNISINOS)
Paula Tatiane de Azevedo (PUCRS)
Nas últimas décadas do século XX ocorreram expressivas mudanças, no que tange às discussões sobre os estudos sobre mulheres e a inserção da categoria de gênero nas ciências sociais e humanas. Sendo consensual entre as/os historiadoras/es que as demandas feministas influenciaram decisivamente nas inquietações acerca da História das Mulheres. Essa articulação entre os feminismos e as transformações da historiografia foi decisiva no processo de estabelecimento de um novo olhar analítico, que compreende a mulher como objeto e sujeito da História. Parte das teóricas dos feminismos e, por sua vez, da História buscaram no conceito de gênero uma alternativa de análise que incorpora às relações sociais e historicamente constituídas entre o feminino e o masculino, suas variações e seus significados, pensando as hierarquizações e assimetrias dessas relações e a intersecção com outros demarcadores sociais. Pensando o movimento dos estudos de gênero no campo da História e as relações de poder imbricadas nesse processo o presente minicurso tem por objetivo abordar a trajetória dos estudos sobre mulheres e gênero no campo da historiografia brasileira através dos percursos de intelectuais brasileiras dedicadas a incorporar a categoria de gênero aos estudos históricos, ao mesmo tempo em que se transformavam, através de sua ação intelectual, em sujeitos de uma mudança de paradigma histórico. As atividades ocorrerão em 2 encontros de 3h e pretendem: problematizar a história da historiografia brasileira por meio do percurso intelectual dessas mulheres que inauguraram um campo de saber histórico; comparar os percursos – nacional/internacional – da incorporação da categoria de gênero aos estudos históricos; problematizar os usos e abusos do conceito de gênero no contexto atual brasileiro, enfatizando a produção acadêmica, e, o retrocesso conservador que tenta barrar esta discussão na sociedade e sua relação com o ensino de História. A proposta foi realizada por membras do GT de Estudos de Gênero da ANPUH/RS.
Referências Bibliográficas
BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, 26, pp. 329 -376, 2006.
BUTLER, Judith P. Cuerpos que importan. Buenos Aires/Barcelona/Mexico: Paidos, 2002.
BUTLER, Judith P. Deshacer el género. Barcelona/Buenos Aires/México: Paidos, 2004.
BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução: Renato Aguiar. 11ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
BUTLER, Judith. Corpos em Aliança e a Política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. 3ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.
COLLING, Ana Maria. Tempos diferentes, discursos iguais: a construção do corpo feminino na história. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2014.
COLLING, Ana Maria; TODESCHI, Losandro Antonio (orgs.). Dicionário Crítico de Gênero. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2015.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
EVARISTO, Conceição. Carolina Maria de Jesus: Como gritar no Quarto de Despejo que “Black is Beautiful”?. In: CHALHOUB, Sidney; PINTO, Ana Flávia Magalhães. Pensadores Negros – Pensadoras Negras. Cruz das Almas: EDUFRB; Belo Horizonte: Fino Traço, 2016.
GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Cor e Raça: Raça, cor e outros conceitos analíticos. In: PINHO, Osmundo Araújo; SANSONE, Livio (orgs.). Raça novas perspectivas antropológicas. 2ª Ed. Salvador: Associação Brasileira de Antropologia: EDUFBA, 2008.
HARAWAY, Donna. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu (5), 1995.
HARDING, Sandra. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. Revista Estudos Feministas, vol. 1, nº1, 1993.
HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Explosão Feminista: arte, cultura, política e universidade. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2019.
HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2019.
LAURETIS, T. A tecnologia do gênero. In: HOLLANDA, H. B. Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
MÉNDEZ, Natalia Pietra. Intelectuais feministas no Brasil dos anos 1960: Carmen da Siva, Heleieth Saffioti, Rose Marie Muraro. Jundiaí/SP: Paco, 2018.
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PATEMAN, Carol. Críticas Feministas à dicotomia público/privado. In: MIGUEL, Luís F.; BIROLI, Flavia, (orgs.). Teoria Política Feminista: textos centrais. Vinhedo: Ed. Horizonte, 2013.
PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História, São Paulo, v.24, N.1, P.77-98, 2005.
PEDRO, Joana Maria; SOIHET, Rachel. A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero. Revista Brasileira de História, vol. 27, nº 54, 2007.
PEDRO, Joana Maria. Relações de gênero como categoria transversal na historiografia contemporânea. Topoi, v. 12, n. 22, p. 270-283,
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RAGO, Margareth. Epistemologia feminista, gênero e história. In: PEDRO, Joana Maria; GROSSI, Miriam Pillar. Masculino, feminino, plural: gênero na interdisciplinaridade. Florianópolis: Ed. Mulheres, 1998.
RAGO, Margareth. Subjetividade, feminismo e poder, ou podemos ser outras? In: PEDRO, Joana Maria et al. (orgs.). Relações de poder e subjetividades. Ponta Grossa: Todapalavra, 2011.
SCOTT, Joan. O enigma da igualdade. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, vol.13 (1), pp. 11 – 30, 2005.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 5-22, jul./dez. 1990.
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SCOTT, Joan W. Os Usos e Abusos do Gênero. Projeto História, São Paulo, n. 45, pp. 327-351, Dez. 2012.
MC 06 - Estratégias teóricas e metodológicas para compreender e ensinar a história das sociedades indígenas brasileiras
Coordenadoras
Fabiane Maria Rizzardo (UNISINOS)
Natália Machado Mergen (UNISINOS)
A proposta do minicurso, voltado tanto aos futuros professores quanto aos profissionais que já lecionam no ensino básico, é auxiliar na tarefa de ensinar aspectos da história indígena brasileira, sob o viés das descobertas arqueológicas. Trata-se de uma oportunidade para melhor conhecer a cultura material dos povos indígenas anteriores ao período Colonial e suas especificidades étnicas, desmistificando aspectos da “pré-história” do Brasil. Embora contemple a cultura material a partir de um panorama mais amplo, envolvendo diferentes contextos brasileiros, o enfoque do minicurso estará nas sociedades indígenas pretéritas que ocuparam a região Sul, viabilizando aprofundamentos teóricos e metodológicos capazes de auxiliar os docentes que atuam na região. O recorte espacial e temporal abarcará desde as sociedades indígenas que, por exemplo, conviveram com animais da megafauna até as culturas associadas aos antepassados de etnias indígenas atuais. Três diferentes momentos estão previstos (carga horária de 3h): a) a discussão teórica acerca dos dados arqueológicos e seu potencial para inferir sobre a história dos povos indígenas pretéritos; b) as metodologias de ensino, a partir de aporte teórico adequado; c) a visitação do Espaço de Memória Indígena (Instituto Anchietano de Pesquisas-UNISINOS), seguido de discussão de encerramento. É esperado que o encontro seja um momento de questionamento e reflexão sobre o ensino da história indígena, com intuito de elaborar estratégias/soluções de enfrentamento aos diversos desafios do cenário atual. Do mesmo modo, é esperado que o minicurso promova a valorização do patrimônio arqueológico brasileiro e rio-grandense, contribuindo para a utilização, manutenção e aperfeiçoamento dos espaços destinados à memória ancestral indígena.
Referências Bibliográficas
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FUNARI, P. P. & PELEGRINI, S. Patrimônio histórico e cultural. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
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JORGE, V. O. Arqueologia, Património e Cultura. Lisboa: Instituto Piaget, 2000.
KERN, A. Variáveis para a Definição e a Caracterização das Tradições Pré-Cerâmicas Humaitá e Umbu". In: Arquivo do Museu de História Natural, vol. VI/VII.
OOSTERBEEK, L. Arqueologia, Patrimônio e Gestão do Território. Erechim: Habilis, 2007.
PREVE, D; ENGELMANN FILHO, A.; CAMPOS, J. B. Patrimônio Cultural, Direito e Cidadania. Erechim: Habilis, 2013.
RIZZARDO, F. M. Sepultamentos dos Mortos Entre Antigas Populações do Tronco Tupi: Confrontando arqueólogos e cronistas quinhentistas. Dissertação de Mestrado. São Leopoldo: Unisinos, 2017.
SCHMITZ, P. I.; ROGGE, J. H.; NOVASCO, R. V.; MERGEN, N.M.; FERRASSO, S. Rincão dos Albinos. Um grande sítio Jê Meridional. Pesquisas, Antropologia, 70: 65-131. São Leopoldo: IAP/Unisinos, 2013b.
SCHMITZ, P. I.; ROGGE, J. J.; NOVASCO, R. V.; MERGEN, N. M.; FERRASSO, S. Boa Parada. Um lugar de casas subterrâneas, aterros-plataforma e danceiro. Pesquisas, Antropologia, 70: 65-131. São Leopoldo: IAP/Unisinos, 2013d.
SCHMTIZ, P. I. & ROGGE, J. H. Pesquisando a trajetória do Jê Meridional. Pesquisas, Antropologia, 70: 7-33. São Leopoldo: IAP/Unisinos, 2013a.
SOUZA, J. G.; et. al.; The Genesis of monuments: Resisting outsiders in the contested landscapes of southern Brazil. Journal of Anthropological Archaeology, 2016, n 41, p. 196-212.
MC 07 – Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade: perspectivas teóricas e empíricas
Coordenadores
Maira Damasceno (UNISINOS)
Dorvalino Refej Cardoso (UFRGS)
Gabriel Chaves Amorim (UNISINOS)
Esse minicurso traz como objetivo principal apresentar aspectos básicos do pensamento decolonial e algumas possibilidades/repercussões empíricas. A decolonialidade responde a uma corrente epistemológica desenvolvida em final da década de 1990 através do trabalho do Grupo Modernidade/Colonialidade onde pesquisadores de diversas áreas formam a discussão e produzem ampla bibliografia que abrem possibilidades para pensarmos sobre outras perspectivas de entendimento da História e das sociabilidades humanas, principalmente em relação ao sujeito colonizado. Nesse sentido, quais seriam as marcas da modernidade? Nessa proposta apresentamos a colonização, seus projetos e a resultante colonialidade como uma das principais marcas da modernidade determinando, assim, relações econômicas, sociais, educacionais e políticas. Compreendendo como marcos da discussão racial brasileira o Movimento Abolicionista de 1888 e a Constituição Cidadã de 1988, entende-se que a crise do sistema racista é recente e desse modo, trazemos inquietações teóricas de um denso arcabouço filosófico que pretende apresentar e discutir outras perspectivas sobre as relações sociais, históricas, antropológicas e econômicas. Em um segundo momento serão apresentadas possibilidades decoloniais de metodologias de pesquisas e práticas acadêmicas educacionais e de extensão que se relacionem de forma recíproca com os sujeitos e as comunidades. Este curso foi elaborado pelo Coletivo Indígena, grupo formado em 2012 por moradores da comunidade Kanhgág Por Fi Ga em São Leopoldo e estudantes de Pedagogia, Ciências Sociais, História e Filosofia da Unisinos que desde o ano de 2016 atua junto ao Centro de Cidadania e Ação Social (CCIAS/Unisinos), buscando assim, aproximar academia e comunidade através das demandas e perspectivas comunitárias.
Referências Bibliográficas
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BRAGATO, Fernanda Frizzo. Discursos desumanizantes e violação seletiva de direitos humanos sob a lógica da colonialidade. Quaestio Iuris. vol. 09, nº. 04, Rio de Janeiro, 2016. pp. 1806-1823
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MC 08 – História Militar: problemas e fontes de pesquisa
Coordenadores
Bárbara Tikami de Lima (UNISINOS)
Guilherme Nicolini Pires Mais (UFRGS)
Paola Natália Laux (UFRGS)
O crescimento do número de estudos acadêmicos dedicados a História Militar, percebido no aumento de dissertações e teses nesta área, bem como pela criação de Grupos de Trabalhos, estaduais e nacional, na Associação Nacional de História (ANPUH), apontam para a necessidade de novos espaços de discussão sobre esta temática. Nesse sentido, o presente minicurso se alinha às renovações que a disciplina histórica sofreu, distanciando-a de um modelo de escrita comemorativo e laudatório que fomentava a textura ideológica dos estados nacionais, algo comum na chamada História Militar “tradicional”, aproximando-a da perspectiva de uma história problema. Assim, nos propomos a apresentar e discutir as diferentes problemáticas e fontes históricas que podem servir de matéria prima para os/as historiadores/as interessados nesta temática. Nossa metodologia consiste na exposição das discussões em torno dos conceitos de “história militar” e “nova história militar”, junto das discussões acerca do próprio conceito de fonte histórica. Deste modo, poderemos dialogar sobre tipos específicos de fontes que podem ser aplicadas à História Militar e suas metodologias de análise, bem como apresentar alguns estudos de caso. Para tanto esperamos estabelecer uma troca de conhecimento acerca das diferentes maneiras de lidar com as várias linguagens e especificidades trazidas pela matéria prima dos historiadores.
Referências Bibliográficas
CARVALHO, José Murilo de. Forças Armadas e Política no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
CASTRO, Celso. O espírito militar: Um estudo de antropologia social na Academia Militar das Agulhas Negras. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
CASTRO, Celso; IZECKSOHN, Vitor; e KRAAY, Hendrik (Org.). Nova História Militar Brasileira. Rio de Janeiro: FGV/ Bom Texto, 2004
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JANOWITZ, Morris. O soldado profissional: um estudo social e político. Tradução de Donaldson M. Garschagen. Rio de Janeiro: Edições GRD, 1967.
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TEIXEIRA, Nuno S. A história militar e a historiografia contemporânea. In: Revista A Nação e a defesa, ano XVI, no 59, 1990, p. 53-71.
MC 09 – No mundo das huacas. A construção do mundo religioso andino a partir das crónicas e outros documentos. Século XVI e XVII.
Coordenador
Luis Alberto Martin Dávila Murguía (UNISINOS)
Propõe-se através desse curso analisar os diversos sentidos das manifestações religiosas indígenas que giram em torno da categoria huaca, usada pelos índios do Peru e que fora exaustivamente registrada pelos cronistas e missionários espanhóis a partir do século XVI. Entende-se que a análise da categoria de huaca é uma maneira importante para aproximar-se da concepção do religioso e do sagrado entre os índios do Peru. Para isso é necessário partir de como nas crónicas e outros documentos escritos no século XVI e XVII se registraram diversos usos da palavra huaca, mas tendo como fundamento as próprias concepções cristãs. O uso da categoria huaca nos documentos produzidos passaria a relacionar-se com as próprias conceições cristãs, sendo associada à figura do demônio. A partir de uma aproximação crítica às fontes escritas por espanhóis, mestiços e índios, se procura definir melhor a relação entre huaca e o sagrado, tendo como ideia principal a compenetração e simbiose entre a esfera do sagrado e do profano no mundo andino. A partir da ideia de que não existe uma separação entre o profano e o sagrado, nos termos propostos por Mircea Eliade, se propõe analisar a categoria huaca e seu papel de agencia no mundo dos homens. Por último, se analisará a recente produção bibliográfica que discute as crenças e representações religiosas andinas.
Referências Bibliográficas
Agnolin, Adone. História das religiões: perspectiva histórico-comparativa. São Paulo, Paulinas, 2013.
Astvaldsson, Astvaldur. “El flujo de la vida humana: el significado del término/concepto de huaca en los Andes”. Hueso Húmero, Lima, 44, 2004, p. 87-110.
Bernand, Carmen e Serge Gruzinski. De la idolatría. Una arqueología de las ciencias religiosas. México, FCE, 1992.
Bugallo, Lucila e Mario Vilca (comp.). Wak’as, diablos y muertos: alteridades significantes en el mundo andino. Lima, EDIUNJU e IFEA, 2016.
Curatola, Marco e Jan Szeminski (eds.). El Inca y la huaca. La religión del poder y el poder de la religión en el mundo andino antiguo. Lima, PUC-Perú, 2016.
Duviols, Pierre. La destrucción de las religiones andinas (Conquista y Colonia). México, UNAM, 1977.
Duviols, Pierre. Procesos y visitas de idolatrías. Cajatambo, siglo XVII. Lima, PUC-Peru e IFEA, 2003.
Eliade, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo, Martins Fontes Ed., 1992.
MacCormack, Sabine. Religión en los Andes. Visiones e imaginación en el Perú colonial. Arequipa, Ed. El Lector, 2016.
Polia Meconi, Mario. La cosmovisión religiosa andina en los documentos inéditos del Archivo Romano de la Compañía de Jesús (1581-1752). Lima, PUC-Peru, 1999.
Redden, Andrew. Diabolism in Colonial Peru, 1560-1750. Londres, Pickering & Chatto, 2008.
Coordenador
Rodrigo Luis dos Santos (UNISINOS)
O objetivo deste minicurso é possibilitar uma reflexão teórica e metodológica acerca do uso dos documentários no ensino de História e outros campos das Ciências Humanas e Sociais. Simultaneamente, almeja analisar a construção de narrativas e interpretações históricas através destes produtos culturais. Na atualidade, os documentários tem ganhado um espaço significativo de difusão de acontecimentos históricos. Genericamente, em uma percepção e visão mais amplamente divulgada, são atribuídos valores aos documentários que os diferenciam das demais produções fílmicas, especialmente aquelas direcionadas ao cinema comercial, sendo a principal delas calcada na dicotomia ficção/realidade – ou ainda imaginação/verdade dos fatos. Por conta disso, determinadas visões sobre os fatos são repassadas, podendo ser assimiladas pelo público como verdades absolutas, sem questionamentos ou interpretações mais acuradas. No espaço escolar, é um desafio do docente-pesquisador perceber os processos de produção, as intencionalidades e os enquadramentos embutidos nessas construções fílmicas, para, através disso, dinamizar a apreciação crítica e análise investigativa entre os sujeitos sociais envolvidos do processo educacional. Didaticamente, o minicurso estará dividido em duas etapas: a primeira, abordando aspectos conceituais e metodológicos, sobretudo o enfoque nas similaridades e distanciamentos entre documentários e os outros filmes cinematográficos, assim como os principais cuidados necessários para uma análise mais aprofundada deste recurso. A segunda etapa será a análise empírica de dois documentários, abordando uma temática semelhante. Um deles é produzido por um grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, em uma perspectiva mais comemorativa e o outro, de caráter mais formativo, elaborado no espaço acadêmico, em uma universidade também localizada no estado sulino. Busca-se, a partir deste exercício prático, alinhado com o arcabouço teórico abordado, compreender as narrativas construídas, os pontos de aproximação e de afastamento, os tópicos salientados e as possibilidades de uso de documentários similares em sala de aula, no tocante ao ensino e processo de pesquisa.
Referências Bibliográficas
ABUD, Kátia Maria. A construção de uma Didática da História: algumas idéias sobre a utilização de filmes no ensino. História, São Paulo, 22(1); 2003.
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BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC, 2004.
CAPELATO, Maria Helena, MORETTIN, Eduardo, NAPOLITANO, Marcos, SALIBA, Elias Thomé. História e cinema: dimensões históricas do audiovisual. São Paulo: Alameda, 2007.
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FERRO, Marc. Cinema e História. 2. ed. São Paulo: Paz e terra, 2010.
GAUTHIER, Guy. O documentário: um outro cinema. Tradução: Eloísa Araújo Ribeiro – Campinas - SP: Papirus, 2011. (Coleção Campo Imagético).
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto. 2007.
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NAPOLITANO, M. A História depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005, p.235-289.
NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, SP: Papirus, 2005 (Campo Imagético).
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POLLAK, M. Memória e Identidade Social. In: Estudos Históricos, vol. 5, número 10, 1992, p. 200 -212.
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SCHWARTZ, Vanessa R. O espectador cinematográfico antes do aparato do cinema: o gosto pela realidade na Paris fim do século. In: O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2001.
MC 02 – Avaliando a pesquisa na área das Migrações e processos migratórios: Entre conexões transnacionais e diaspóricas
Coordenadoras
Caroline Atencio Medeiros Nunes (PUCRS)
Fernanda Trentini Ambiedo (PUCRS)
O ato de migrar pode ser compreendido como inerente ao ser humano, migramos desde os primórdios em um tempo onde não havia história e continuamos a migrar hoje, sob diferentes contextos perspectivas e motivações. Partindo desta ideia, a presente proposta de minicurso tem como expectativa, apresentar ao público diferentes perspectivas nas pesquisas relacionadas às migrações históricas na América Latina, desde aqueles grupos considerados “clássicos” como é o caso dos italianos e alemães e também grupos que ainda carregam na sua migração possibilidades extensas de questionamentos sobre o seu migrar, como o caso dos grupos palestinos no Brasil. Ao avaliar estes casos isolados direcionamo-nos para as inúmeras possibilidades teóricas e metodológicas que a pesquisa no campo da migração pode abranger. Com um atento olhar para os fenômenos contemporâneos, e suas relações com as migrações históricas, evidenciamos as possibilidades de uso de conceitos importantes, como as noções de transnacionalismo e sua atuação em pesquisas de diferentes casos e abordagens, o uso do conceito e a variação do “experienciar” a diáspora em diferentes contextos, a imigração urbana, a imigração interna ao conesul americano. Além disso pretendemos lançar alguns parâmetros ao abordar a questão das relações de gênero e aspectos religiosos inseridos nos estudos sobre migração, colaborando a pensar estas e outras questões enquanto transversais aos estudos na área.
Referências Bibliográficas
BAO, Carlos Eduardo. A invenção da italianidade no Brasil: contribuição para um olhar descontínuo. XXVIII Simpósio Nacional de História. IN:. 2015 p.17.
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Dimensões. Espírito Santo, vol.18, pp. 236-250, 2006.
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KOHLI, Martin, KOFMAN, Eleonore, KRALER, Albert, SCHMOLL, Camille. Gender, Generations and the Family in international Migration. Amsterdam: Amsterdam University press, 2011
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MONTANARI, Massimo. O MUNDO NA COZINHA: Historia, Identidade, trocas. 1º Edição. São Paulo: Estação Liberdade, 2009
ORTOLEVA, Peppino. La tradizione e l’abbondanza. Riflessioni sulla cucina degli italiani d’America. AltreItalie 7, gennaio – giugno. 1992 Edizioni della Fondazione Giovanni Agnelli.
PAPPÉ, Ilan. A Limpeza Étnica da Palestina. São Paulo: Sundermann, 2016
POLLINI, Gabriele & SCIDÁ, Giuseppe. Sociologia delle migrazioni e dela societá multiétnica. Milão: Ed. FrancoAngeli, 2002.
REZENDE, Dimitri Fazito de Almeida. Transnacionalismo e Etnicidade: A construção histórica do Romanesthàn (Nação Cigana). 192 p. Dissertação (Mestrado em Sociologia e Antropologia). Faculdade de Filosofia e CIências Humanas. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte: 2000. <http://www.antropologia.com.br/divu/colab/d11-dimitri.pdf> acesso 28/02/2018 às 14h
RIAL, Carmen, VAILATI, Alex. Migration of Rich Immigrants: Gender, Ethnicity and Class. London:Palgrave Macmillan, 2016
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
VENDRAME, Maíra Ines; KARSBURG, Alexandre; WEBER, Beatriz; FARINATTI, Luís Augusto (Orgs.). Micro-história, trajetórias e imigração. São Leopoldo: Oikos, 2015.
VENDRAME, Maria Inês; KARSBURG, Alexandre; MOREIRA, Paulo Roberto Staudt (Orgs.). Ensaios de Micro-História, Trajetórias e Imigração. São Leopoldo: OIKOS, 2016.
ZANFRINI, Laura. Sociologia delle Migrazioni. 2º edição. Roma: Editori Laterza, 2007.
MC 03 – História das políticas indigenistas no Brasil Republicano
Coordenadores
Andressa de Rodrigues Flores (UNISINOS)
Amilcar Aroucha Jimenes (UNISINOS)
No ano em que a temática do IV CEHLA é “História, Democracia e Educação em Tempos de Crise”, e diante do atual cenário político e institucional, em que os direitos de minorias sociais e étnicas têm sido constantemente ameaçados, entendemos ser de fundamental importância o fomento de discussões debruçadas sobre a relação entre a sociedade brasileira e os povos indígenas. Nesse sentido, sabemos que o alvorecer do período republicano inaugurou um novo momento para a política indigenista, caracterizado pela emergência de novos marcos legais e a criação de instituições especialmente dedicadas a tal missão, como Serviço de Proteção aos Índios (SPI), na primeira metade do século XX, e, posteriormente, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). O objetivo central deste curso se dá em proporcionar um espaço de diálogo e reflexão acerca da política indigenista brasileira ao longo do século XX e das primeiras décadas do presente século. A proposta é mapear e discutir os múltiplos interesses que constituem a criação dessas políticas, bem como seus efeitos na vida das populações indígenas, sem perder de vista os modos pelos quais esses próprios grupos se propuseram encarar os cenários político-institucionais que emergiram nesse período.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. A atuação dos indígenas na História do Brasil: revisões historiográficas. Rev. Bras. Hist. [online]. 2017, vol.37, n.75, pp.17-38.
BICALHO, Poliene Soares dos Santos. Protagonismo indígena no Brasil: movimento, cidadania e direitos (1970-2009). Tese (Doutorado em História)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
BITENCOURT, Libertad Borges. O movimento indígena organizado na América Latina – A luta para superar a exclusão. Anais do IV Encontro da ANPHLAC. Salvador, 2000, p. 1-18.
BRIGHENTI, Clovis Antonio. NÖTZOLD, Ana Lúcia Vulfe. Movimento indígena brasileiro na década de 1970. Anais Congresso Internacional de História. Maringá, 2009, p. 1567-1577.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Índios no Brasil: história, direitos e cidadania. São Paulo: Claro Enigma, 2012.
CUNHA, Manuela Carneiro da. BARBOSA, Samuel. (Orgs.). Direitos dos povos Indígenas em disputa. São Paulo, Unesp, 2018.
FREIRE, Carlos Augusto da Rocha (org.). Memórias do SPI: Textos, Imagens e Documentos sobre o Serviço de Proteção aos Índios (1910 -1967). Rio de Janeiro: Museu do Índio/FUNAI, 2011.
HECK, Egon Dionísio. Os índios e a Caserna: Políticas Indigenistas nos Governos Militares (1964-1985). 1996 149 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Políticas) – Programa de Pós-graduação em Ciências Políticas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.
MILANEZ, Felipe. Memórias sertanistas: cem anos de indigenismo no Brasil. São Paulo: Edições SESC São Paulo, 2015.
RIBEIRO, D. Os índios e a civilização: a integração das populações indígenas no Brasil Moderno. Editora Companhia das Letras, São Paulo: 2009 [1996].
SALGUEIRO, Fernanda E. Zaccarelli. “A ferro e fogo: tutela indígena até a constituição federal de 1988”. Revista Latino-Americana de História, São Leopoldo, Vol. 4, n.13, 2015, pp. 109-125.
SOUZA LIMA, Antônio Carlos de. Um grande cerco de paz: poder tutelar, indianidade e formação de Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1995.
MC 04 – História Oral: Relação entre teoria e prática
Coordenadoras
Simone Gomes de Faria (FURG)
Karen Laiz Krause Romig (UFPEL)
Liziane Nolasco Fonseca (UFPEL)
Desde a Antiguidade ampara-se do uso dos testemunhos orais para trazer à tona aspectos do passado. Assim, é possível afirmar que o seu uso é tão antigo quanto a própria História. É na metade do século XX que ela se torna uma técnica específica de investigação na criação de fontes com vistas a embasar projetos de valorização das tradições subalternas e dos marginalizados da história nos diversos campos disciplinares.
Por meio do movimento de renovação historiográfica e da recuperação democrática, em nosso país, se observa a multiplicação dos trabalhos com este aporte metodológico. Consideramos de fundamental importância a abordagem de algumas questões teóricas e metodológicas ao se utilizar e apropriar das fontes orais. Partindo deste pressuposto justifica-se a realização do minicurso diante do número quantitativo de trabalhos acadêmicos que se validam deste método, que por sua vez, é dotado de distinções epistemológicas que merecem ser esclarecidas. Afinal, quais as distinções entre a História Oral e a História de vida? Tais questionamentos são frequentes por parte dos pesquisadores iniciantes. Assim, pretendemos contribuir para que as pesquisas não sejam somente de cunho quantitativo nos meios acadêmicos como também qualitativa.
Objetivo geral deste é o de introduzir, nos estudantes, em específico, das Ciências Humanas, os principais debates em torno da História Oral, assim como, a utilização técnica do trabalho com os testemunhos. Nas especificidades pretende-se comparar o uso da entrevista da História Oral e a entrevista; aferir as debilidades e fortalezas deste método de investigação social nas variadas temáticas.
O minicurso irá proporcionar a seus participantes a interação com a parte mais prática desta metodologia e ocorrerá em um tempo de três horas, contando com recursos que possibilitem a exposição da temática e sua discussão pelo grupo nos amparando de Alberti e Meihy por tratarem especificamente sobre os procedimentos práticos do método.
Referências Bibliográficas
ALBERTI, V. Manual de história oral. 2. ed. revista e atualizada. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004a.
ALBERTI, V. O que documenta a fonte oral: a ação da memória. In: ALBERTI, V. Ouvir contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004b. p. 33-43.
ALBERTI, V.; PEREIRA, A. A. Histórias do movimento negro no Brasil: depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC-FGV, 2007.
MEIHY, J, C. S. B.; HOLANDA, F. História oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2007.
MC 05- Uma questão de Gênero: a trajetória dos estudos sobre mulheres e gênero no campo da historiografia brasileira e sua relação com o ensino de História
Coordenadoras
Marluce Dias Fagundes (UNISINOS)
Paula Tatiane de Azevedo (PUCRS)
Nas últimas décadas do século XX ocorreram expressivas mudanças, no que tange às discussões sobre os estudos sobre mulheres e a inserção da categoria de gênero nas ciências sociais e humanas. Sendo consensual entre as/os historiadoras/es que as demandas feministas influenciaram decisivamente nas inquietações acerca da História das Mulheres. Essa articulação entre os feminismos e as transformações da historiografia foi decisiva no processo de estabelecimento de um novo olhar analítico, que compreende a mulher como objeto e sujeito da História. Parte das teóricas dos feminismos e, por sua vez, da História buscaram no conceito de gênero uma alternativa de análise que incorpora às relações sociais e historicamente constituídas entre o feminino e o masculino, suas variações e seus significados, pensando as hierarquizações e assimetrias dessas relações e a intersecção com outros demarcadores sociais. Pensando o movimento dos estudos de gênero no campo da História e as relações de poder imbricadas nesse processo o presente minicurso tem por objetivo abordar a trajetória dos estudos sobre mulheres e gênero no campo da historiografia brasileira através dos percursos de intelectuais brasileiras dedicadas a incorporar a categoria de gênero aos estudos históricos, ao mesmo tempo em que se transformavam, através de sua ação intelectual, em sujeitos de uma mudança de paradigma histórico. As atividades ocorrerão em 2 encontros de 3h e pretendem: problematizar a história da historiografia brasileira por meio do percurso intelectual dessas mulheres que inauguraram um campo de saber histórico; comparar os percursos – nacional/internacional – da incorporação da categoria de gênero aos estudos históricos; problematizar os usos e abusos do conceito de gênero no contexto atual brasileiro, enfatizando a produção acadêmica, e, o retrocesso conservador que tenta barrar esta discussão na sociedade e sua relação com o ensino de História. A proposta foi realizada por membras do GT de Estudos de Gênero da ANPUH/RS.
Referências Bibliográficas
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BUTLER, Judith P. Cuerpos que importan. Buenos Aires/Barcelona/Mexico: Paidos, 2002.
BUTLER, Judith P. Deshacer el género. Barcelona/Buenos Aires/México: Paidos, 2004.
BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução: Renato Aguiar. 11ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
BUTLER, Judith. Corpos em Aliança e a Política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. 3ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.
COLLING, Ana Maria. Tempos diferentes, discursos iguais: a construção do corpo feminino na história. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2014.
COLLING, Ana Maria; TODESCHI, Losandro Antonio (orgs.). Dicionário Crítico de Gênero. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2015.
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HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Explosão Feminista: arte, cultura, política e universidade. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2019.
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MC 06 - Estratégias teóricas e metodológicas para compreender e ensinar a história das sociedades indígenas brasileiras
Coordenadoras
Fabiane Maria Rizzardo (UNISINOS)
Natália Machado Mergen (UNISINOS)
A proposta do minicurso, voltado tanto aos futuros professores quanto aos profissionais que já lecionam no ensino básico, é auxiliar na tarefa de ensinar aspectos da história indígena brasileira, sob o viés das descobertas arqueológicas. Trata-se de uma oportunidade para melhor conhecer a cultura material dos povos indígenas anteriores ao período Colonial e suas especificidades étnicas, desmistificando aspectos da “pré-história” do Brasil. Embora contemple a cultura material a partir de um panorama mais amplo, envolvendo diferentes contextos brasileiros, o enfoque do minicurso estará nas sociedades indígenas pretéritas que ocuparam a região Sul, viabilizando aprofundamentos teóricos e metodológicos capazes de auxiliar os docentes que atuam na região. O recorte espacial e temporal abarcará desde as sociedades indígenas que, por exemplo, conviveram com animais da megafauna até as culturas associadas aos antepassados de etnias indígenas atuais. Três diferentes momentos estão previstos (carga horária de 3h): a) a discussão teórica acerca dos dados arqueológicos e seu potencial para inferir sobre a história dos povos indígenas pretéritos; b) as metodologias de ensino, a partir de aporte teórico adequado; c) a visitação do Espaço de Memória Indígena (Instituto Anchietano de Pesquisas-UNISINOS), seguido de discussão de encerramento. É esperado que o encontro seja um momento de questionamento e reflexão sobre o ensino da história indígena, com intuito de elaborar estratégias/soluções de enfrentamento aos diversos desafios do cenário atual. Do mesmo modo, é esperado que o minicurso promova a valorização do patrimônio arqueológico brasileiro e rio-grandense, contribuindo para a utilização, manutenção e aperfeiçoamento dos espaços destinados à memória ancestral indígena.
Referências Bibliográficas
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OOSTERBEEK, L. Arqueologia, Patrimônio e Gestão do Território. Erechim: Habilis, 2007.
PREVE, D; ENGELMANN FILHO, A.; CAMPOS, J. B. Patrimônio Cultural, Direito e Cidadania. Erechim: Habilis, 2013.
RIZZARDO, F. M. Sepultamentos dos Mortos Entre Antigas Populações do Tronco Tupi: Confrontando arqueólogos e cronistas quinhentistas. Dissertação de Mestrado. São Leopoldo: Unisinos, 2017.
SCHMITZ, P. I.; ROGGE, J. H.; NOVASCO, R. V.; MERGEN, N.M.; FERRASSO, S. Rincão dos Albinos. Um grande sítio Jê Meridional. Pesquisas, Antropologia, 70: 65-131. São Leopoldo: IAP/Unisinos, 2013b.
SCHMITZ, P. I.; ROGGE, J. J.; NOVASCO, R. V.; MERGEN, N. M.; FERRASSO, S. Boa Parada. Um lugar de casas subterrâneas, aterros-plataforma e danceiro. Pesquisas, Antropologia, 70: 65-131. São Leopoldo: IAP/Unisinos, 2013d.
SCHMTIZ, P. I. & ROGGE, J. H. Pesquisando a trajetória do Jê Meridional. Pesquisas, Antropologia, 70: 7-33. São Leopoldo: IAP/Unisinos, 2013a.
SOUZA, J. G.; et. al.; The Genesis of monuments: Resisting outsiders in the contested landscapes of southern Brazil. Journal of Anthropological Archaeology, 2016, n 41, p. 196-212.
MC 07 – Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade: perspectivas teóricas e empíricas
Coordenadores
Maira Damasceno (UNISINOS)
Dorvalino Refej Cardoso (UFRGS)
Gabriel Chaves Amorim (UNISINOS)
Esse minicurso traz como objetivo principal apresentar aspectos básicos do pensamento decolonial e algumas possibilidades/repercussões empíricas. A decolonialidade responde a uma corrente epistemológica desenvolvida em final da década de 1990 através do trabalho do Grupo Modernidade/Colonialidade onde pesquisadores de diversas áreas formam a discussão e produzem ampla bibliografia que abrem possibilidades para pensarmos sobre outras perspectivas de entendimento da História e das sociabilidades humanas, principalmente em relação ao sujeito colonizado. Nesse sentido, quais seriam as marcas da modernidade? Nessa proposta apresentamos a colonização, seus projetos e a resultante colonialidade como uma das principais marcas da modernidade determinando, assim, relações econômicas, sociais, educacionais e políticas. Compreendendo como marcos da discussão racial brasileira o Movimento Abolicionista de 1888 e a Constituição Cidadã de 1988, entende-se que a crise do sistema racista é recente e desse modo, trazemos inquietações teóricas de um denso arcabouço filosófico que pretende apresentar e discutir outras perspectivas sobre as relações sociais, históricas, antropológicas e econômicas. Em um segundo momento serão apresentadas possibilidades decoloniais de metodologias de pesquisas e práticas acadêmicas educacionais e de extensão que se relacionem de forma recíproca com os sujeitos e as comunidades. Este curso foi elaborado pelo Coletivo Indígena, grupo formado em 2012 por moradores da comunidade Kanhgág Por Fi Ga em São Leopoldo e estudantes de Pedagogia, Ciências Sociais, História e Filosofia da Unisinos que desde o ano de 2016 atua junto ao Centro de Cidadania e Ação Social (CCIAS/Unisinos), buscando assim, aproximar academia e comunidade através das demandas e perspectivas comunitárias.
Referências Bibliográficas
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BRAGATO, Fernanda Frizzo. Discursos desumanizantes e violação seletiva de direitos humanos sob a lógica da colonialidade. Quaestio Iuris. vol. 09, nº. 04, Rio de Janeiro, 2016. pp. 1806-1823
CARDOSO. Dorvalino Refej. Aprendendo com todas as formas de vida do Planeta educação oral e educação escolar Kanhgág. Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.
CARDOSO. Dorvalino Refej. Kanhgág Jykre Kar Filosofia e Educação Kanhgág e a oralidade: uma abertura de caminhos. 2017. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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MC 08 – História Militar: problemas e fontes de pesquisa
Coordenadores
Bárbara Tikami de Lima (UNISINOS)
Guilherme Nicolini Pires Mais (UFRGS)
Paola Natália Laux (UFRGS)
O crescimento do número de estudos acadêmicos dedicados a História Militar, percebido no aumento de dissertações e teses nesta área, bem como pela criação de Grupos de Trabalhos, estaduais e nacional, na Associação Nacional de História (ANPUH), apontam para a necessidade de novos espaços de discussão sobre esta temática. Nesse sentido, o presente minicurso se alinha às renovações que a disciplina histórica sofreu, distanciando-a de um modelo de escrita comemorativo e laudatório que fomentava a textura ideológica dos estados nacionais, algo comum na chamada História Militar “tradicional”, aproximando-a da perspectiva de uma história problema. Assim, nos propomos a apresentar e discutir as diferentes problemáticas e fontes históricas que podem servir de matéria prima para os/as historiadores/as interessados nesta temática. Nossa metodologia consiste na exposição das discussões em torno dos conceitos de “história militar” e “nova história militar”, junto das discussões acerca do próprio conceito de fonte histórica. Deste modo, poderemos dialogar sobre tipos específicos de fontes que podem ser aplicadas à História Militar e suas metodologias de análise, bem como apresentar alguns estudos de caso. Para tanto esperamos estabelecer uma troca de conhecimento acerca das diferentes maneiras de lidar com as várias linguagens e especificidades trazidas pela matéria prima dos historiadores.
Referências Bibliográficas
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SANCHES, M. 2010. A guerra: problemas e desafios do campo da história militar brasileira. Revista Brasileira de História Militar, 1(1):1-13.
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TEIXEIRA, Nuno S. A história militar e a historiografia contemporânea. In: Revista A Nação e a defesa, ano XVI, no 59, 1990, p. 53-71.
MC 09 – No mundo das huacas. A construção do mundo religioso andino a partir das crónicas e outros documentos. Século XVI e XVII.
Coordenador
Luis Alberto Martin Dávila Murguía (UNISINOS)
Propõe-se através desse curso analisar os diversos sentidos das manifestações religiosas indígenas que giram em torno da categoria huaca, usada pelos índios do Peru e que fora exaustivamente registrada pelos cronistas e missionários espanhóis a partir do século XVI. Entende-se que a análise da categoria de huaca é uma maneira importante para aproximar-se da concepção do religioso e do sagrado entre os índios do Peru. Para isso é necessário partir de como nas crónicas e outros documentos escritos no século XVI e XVII se registraram diversos usos da palavra huaca, mas tendo como fundamento as próprias concepções cristãs. O uso da categoria huaca nos documentos produzidos passaria a relacionar-se com as próprias conceições cristãs, sendo associada à figura do demônio. A partir de uma aproximação crítica às fontes escritas por espanhóis, mestiços e índios, se procura definir melhor a relação entre huaca e o sagrado, tendo como ideia principal a compenetração e simbiose entre a esfera do sagrado e do profano no mundo andino. A partir da ideia de que não existe uma separação entre o profano e o sagrado, nos termos propostos por Mircea Eliade, se propõe analisar a categoria huaca e seu papel de agencia no mundo dos homens. Por último, se analisará a recente produção bibliográfica que discute as crenças e representações religiosas andinas.
Referências Bibliográficas
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Polia Meconi, Mario. La cosmovisión religiosa andina en los documentos inéditos del Archivo Romano de la Compañía de Jesús (1581-1752). Lima, PUC-Peru, 1999.
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